Segunda parte aqui ~*
Moi dix Mois, Entrevista com o Mana parte 2 de 3. (11/04/2007)
Hoje seguimos com a longa entrevista realizada ontem com o Mana do Moi dix Mois. Dessa vez, nos aproximaremos do coração do seu último álbum, DIXANADU. Frequentemente nossa conversa se desvia do tópico… Mas mesmo com esses desvios, por favor, aproveite.
“O processo para criação do DIXANADU = paraíso foi um caminho espinhoso.”
– Bem, no evento do Mon+amour vocês apresentaram músicas do DIXANADU. Esse novo álbum já foi lançado no Japão, mas dessa vez ele também será lançado na Europa, certo?
Mana: Sim, com um selo alemão. Ainda que a versão alemã tenha um conteúdo levemente diferente. Por exemplo, foi incluída uma faixa adicional.
– Da mesma forma que artistas de fora normalmente têm faixas adicionais nas versões japonesas dos seus álbuns, mas não naqueles vendidos em outros países.
Mana: Sim, dessa forma. A outra grande diferença é que além do disco contendo o álbum, há também dois discos contendo uma coleção de singles. Da mesma forma, o empacotamento é diferente. Claro que o encarte e a caixa do CD são diferentes. Espero que pessoas que são realmente maníacas tentem adquiri-la, definitivamente.
– Além disso, você teve uma razão particular para escolher um selo alemão? Seria porque na Alemanha eles possuem música semelhante à sua?
Mana: Eu realmente não sei se há bandas como a nossa, mas para resumir, é porque eles possuem uma cultura gótica definida. Então seria muito mais fácil para eles aceitarem uma banda com o nosso visual, certo? Por lá fãs vieram assistir nossas apresentações vestidos em roupas bastante semelhante ao nosso estilo gótico, mas não era cosplay. Na cena gótica presta-se muita atenção ao estilo. Nossos fãs alemães definitivamente eram esplendidos.
– Claro que o Moi dix Mois possui elementos góticos, mas você acha que parte da razão que o faz ser aceito naquele ambiente é porque há algo na sua música que é particular do Japão?
Mana: Eu me pergunto… Mas não estou familiarizado com as bandas germânicas, então não posso realmente afirmar. Quanto a sermos japoneses… Bem, eu diria que tem algo a ver com isso, mas cresci ouvindo certas músicas famosas, então creio que talvez um pouco disso fique evidente na música que eu faço.
– Que tipo de música famosa você ouvia?
Mana: Quando criança gostava das coisas da Shibume [?]. Mais do que as ditas idols, sempre gostei de coisas como “Ihoujin”, de Kubota Saki e “Ameoto wa Chopin no Shirabe”, que teve versão de Kobayashi Asami. Eu gostava desse tipo de música mais que idols.
– Ahh… Nenhuma dessas é muito animada.
Mana: Nunca gostei de coisas muito animadas. Por exemplo, com idols preferia Nakamori Akina a Matsuda Seiko.
– Um tipo de pessoa sombria (risos).
Mana: Sim, eu não gostava do sentimento de beira mar de Matsuda Seiko, preferia as sombras de Nakamori Akina (risos). Porque tenho todos os álbuns dela, do primeiro “Prologue”, ao quarto mais ou menos (risos). Em particular, gosto da introdução da primeira música de “Prologue”, chamada “Your Portrait” (risos).
– Você realmente conhece o trabalho dela, hein? (risos)
Mana: Começa com uma parte trágica de piano… Isso realmente me afetou. E o tom também é obscuro (risos). Então, dito isso, eu não tenho um interesse na pessoa de Nakamori Akina, apenas me interesso pelas músicas sombrias. Não é que as coisas devam ser obscuras, mas quando criança eu sempre fui atraído por coisas misteriosas… Acho que essa é a primeira vez que menciono Nakamori Akina em uma entrevista. (risos)
– Bem, muito obrigada por ter nos contado. Então essas preferências musicais da época de criança continuaram nas melodias do Moi dix Mois, criando o tipo de música obscura que você prefere.
Mana: Continuaram, não é mesmo?
– Com relação ao som do Moi dix Mois, desde o princípio você incluiu o som do órgão de sopro e do cembalo, certo?
Mana: Enquanto esses sons podem ser removidos da música do Moi dix Mois, eles continuam sendo uma parte de mim. O tom deles é irresistível para mim.
– Você até os inclui a uma velocidade impossível de se tocar (risos). Até que eles parecem chegar a um tipo de sentimento distorcido. Usando em performances e dessa forma instrumentos que você encontra normalmente em uma igreja… Pode-se até dizer que você deve inconscientemente esbarrar em um castigo divino (risos).
Mana: Hm, entendo… (risos).
– Parece que, de alguma forma, você está quebrando um tabu.
Maba: Oh, mesmo?
– Vou deixar que você pense a respeito. Para você parece que DIXANADU (uma palavra criada com o sentido de “paraíso”), não é um lugar de intensa luz solar ou possui um ar de paraíso feliz.
Mana: É mesmo? Bem, DIXANADU é apenas uma forma de paraíso. Paraíso é algo que as pessoas perseguem continuamente, porque é tão tedioso ficar em apenas um lugar, e não é aceitável parar de progredir. Claro que, no meu caso, quero procurar incentivos, então eu quis apontar para o tema de uma nova e fresca fusão, uma fusão de luxúria e violência, e expressar isso de várias formas.
– Mas não há um ponto de chegada.
Mana: Sim. Procura-se continuamente pelo paraíso.
– Contraditoriamente, se é um lugar impossível de se alcançar, é realmente o paraíso?
Mana: Eu não saberia dizer. Acredito que o paraíso é um mundo que você precisa lutar para alcançar. Eu procuro o paraíso, e enquanto luto comigo mesmo, acho que continuo a procurar por quem eu sou.
– Enquanto você progride por um caminho espinhoso.
Mana: Naturalmente é um caminho espinhoso, certo. Acredito que se você insiste em ficar no conforto e na facilidade, é impossível chegar ao paraíso. Na forma de um CD, estou sugerindo um paraíso com certo significado, mas isso é porque até ele ser encerrado, lutei com muitas coisas e trouxe todas para a música. Simplificando, não é como se eu tivesse feito uma música atrás da outra e o CD ficasse pronto. Para criar esse CD, para conseguir me aproximar do imaginário desse CD eu me preocupei e sofri em cima dele dia após dia até que, no fim, gradualmente consegui fazer dele um trabalho completo.
– Porque não seria bom se você não tivesse sofrido no processo, certo?
Mana: Talvez. Porque pude superar a luta para fazer esse álbum, acho que estou abrindo caminho para um maior senso de tranqüilidade. Acho que se eu tivesse feito as músicas facilmente, uma após a outra, seria um trabalho sem nenhum significado mais profundo.
– Então esse trabalho, DIXANADU, é a representação do que o paraíso é para você no momento.
Mana: No instante em que terminei o álbum, pensei “esse é o melhor!”, mas quando olhei objetivamente, havia sempre partes se sobressaindo onde eu tinha pensado “mas eu pretendia fazer desse jeito”. Por mais que eu pensasse “está bom desse jeito”, não posso apenas parar ali, posso? Ainda tenho dúvidas a respeito das coisas que faço, então acho que continuarei progredindo no que quer que venha depois.
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